Fotos: Akimoto Leilões (Divulgação)
Duas fazendas que pertenceram ao ex-presidente da República João Goulart no Estado estão à venda por R$ 254 milhões. Uma delas fica no interior de Itacurubi, na Região Central, e custa R$ 80,7 milhões. A outra está localizada em Itaqui, na fronteira da Argentina.
A venda será feita por leilão particular online. Segundo divulgado pela leiloeira responsável, Zuleika Matsumura Akimoto, a família, que pertence à terceira geração de descendentes do ex-presidente, resolveu se desfazer dos patrimônios históricos.
O negócio é confirmado pelo neto de João Goulart, Rui Noé Goulart, que atualmente é o administrador das propriedades do avô. Há dois anos, ele divulgou vídeo em que fala das qualidades da fazenda de Itaqui.
O primeiro leilão já está aberto e se encerrará às 15h da próxima sexta-feira.O segundo encerramento está marcado para 11 de agosto, no mesmo horário, no site da Akimoto Leilões.
Segundo a empresa leiloeira, as propriedades rurais são imensas e apresentam alta produtividade para pecuária e agricultura. Em Itacurubi, fica a Fazenda Presidente João Goulart. A área tem 2,1 mil hectares – o equivalente a 2,1 mil campos de futebol. A maior parte das terras (55%) é usada para agricultura. O restante é reservado para criação de gado.
De acordo com a leiloeira, a propriedade que leva o nome do ex-presidente conta com duas casas comuns, dois galpões pequenos, duas redes de luz, dois poços artesianos e uma mangueira. Há, ainda, açudes e vertente que garantem o abastecimento de água.
A ampla propriedade rural, tomada de muito verde, é vizinha também a Santiago, distante 70 quilômetros da sede da fazenda. A leiloeira informa, ainda, que a área é uma excelente oportunidade para investidores e empreendedores do ramo agrícola. O solo é indicado ao plantio de soja.
Fazenda Cinamomo
A outra propriedade que os descendentes do ex-presidente João Goulart decidiram se desfazer no Rio Grande do Sul é a Fazenda Cinamomo, em Itaqui. A área de 2,7 mil hectares está avaliada em quase R$ 174 milhões.
Segundo o administrador da fazenda, Rui Noé Goulart, a área é rara na região e interessante para a agricultura, pois 90% das terras são ideais para o cultivo de grãos, especialmente soja.
– Se for explorada para soja, a no máximo dois quilômetros tem um silo que recebe o cereal – diz o neto de Jango em vídeo de divulgação da propriedade.
Atualmente, no entanto, a fazenda é utilizada para a criação de gado, oferecendo uma estrutura completa e adequada para essa atividade. Para isso, conta com mangueira completa, açude, balança para gado e curral para até 3 mil cabeças de gado. O fornecimento de água é assegurado pelo Rio Itu.
Acesso
Diferentemente da fazenda de Itacurubi, a de Itaqui conta com sede física. O acesso se dá pela BR-287. A propriedade fica distante 35 quilômetros da rodovia federal, já quase na fronteira da Argentina.
A leiloeira assegura que também é possível se dirigir à propriedade por avião. O acesso aéreo se dá pelo aeroporto de São Borja, a 100 quilômetros de distância e “onde qualquer aeronave pode aterrissar com facilidade”.
História
Segundo Rui Noé Goulart, as propriedades também chegaram a pertencer a outro ex-presidente brasileiro, Getúlio Vargas. Foi por influência do trabalhista histórico que João Goulart, também conhecido como Jango, iniciou sua vida política na década de 1940. Ambos partilhavam mais do que ideais e pretensões políticas. Os gaúchos Getúlio e Jango eram naturais de São Borja e, oriundos do Sul do país, chegaram à Presidência da República.
Inicialmente, Jango foi vice-presidente de Juscelino Kubitschek (1958-1961). Vinculado ao PTB, assumiu a Presidência em setembro de 1961. O 24º presidente brasileiro, contudo, não chegou ao final de seu mandato. Menos de três depois, em março de 1964, foi deposto pelo regime militar, que comandou o Brasil por duas décadas.
Morte
Dono de propriedades rurais, o político e advogado João Goulart morreu aos 57 anos de idade, na Argentina. Ele sofreu um infarto em sua fazenda.